O projeto Transgredir nasceu da urgência em falar
sobre e impactar positivamente o
movimento trans e a sociedade que o rodeia.
Ser transgênero é especialmente difícil no Brasil, o país que, em números
absolutos, mais
registra assassinatos de travestis e transexuais, segundo levantamento feito pela
ONG
Transgender Europe.
Após se perceberem de um gênero diferente do que lhes foi atribuído no nascimento,
essas
pessoas passam a enfrentar uma verdadeira luta para viverem sua identidade. Além do
risco
constante de serem vítimas de violência, elas não contam com uma legislação que as
proteja,
são excluídas do mercado de trabalho, têm enorme dificuldade para acessar serviços
de
saúde, são hostilizadas e violentadas nas escolas e sofrem, frequentemente, com a
incompreensão e a rejeição familiar.
Tal quadro faz com que essa parcela da sociedade morra muito, muito cedo. Dados da
União
Nacional LGBT apontam que o tempo médio de vida de uma pessoa trans no Brasil é de
apenas 35 anos, enquanto a expectativa de vida da população em geral é de 76 anos,
de
acordo com informações divulgadas em dezembro de 2016 pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e
Estatística (IBGE).
Através de pesquisas e utilização do Design Thinking em busca de uma solução real
para um
problema real - além da parceria com a comunidade trans local - foi criado um vídeo
com o
intuito de derrubar estereótipos e mostrar que pessoas trans são dignas de respeito
e que a
mudança da aparência externa não os torna pessoas ruins, senão pessoas que buscam
sua
própria identidade e felicidade.
O material foi exibido na Universidade Feevale com a presença de membros da
comunidade
trans local em um dia muito especial em que mais uma vez tivemos o prazer de
perceber o
quanto o Design torna a vida das pessoas melhor. Resolvendo problemas ou
simplesmente os
reconhecendo, mostrando empatia e solidariedade.
JUNTOS
O projeto tinha a intenção de impactar um grupo de
pessoas através do uso da metodologia de
Design Thinking, buscando construir mudanças reais em seus cotidianos. Para isso,
trabalhamos com um grupo de estudantes de 7 e 8 anos da Escola Estadual de Ensino
Fundamental Otávio Rosa, de Novo Hamburgo. O objetivo era desenvolver uma
tipografia
coletiva e mostrar às crianças que, apesar das suas diferenças enquanto grupo, elas
poderiam criar algo maior juntas.
Após pesquisas, visitas à escola, observação e interação com os alunos, optamos por
criar
uma sobreposição da escrita de cada um dos estudantes, a partir disso foi criada a
tipografia
chamada Juntos, que, posteriormente, foi usada para a criação de pôsteres que foram
espalhados pela escola.
Juntamente com o estímulo da criatividade e a importância dada à
escrita, encorajamos os alunos a refletir sobre o trabalho em conjunto e sobre a
sua
identidade enquanto grupo, utilizando o Design como uma ferramenta de mudança
social, tanto
na escola quanto em seu próprio contexto familiar.
O conceito do trabalho gira em torno da
ideia de que conflitos podem ser evitados quando se percebe que juntos é possível
irmos
mais longe. Em tempos de intolerância, apresentar esse ideal às crianças é de suma
importância.